NOSSO PATRIARCA E ORIGEM DO SOBRENOME
Nosso sobrenome é proveniente da cidade de Buja. Lembrar que na região do Friuli, o “j” tem som de “i”. Na Itália, os sobrenomes representam profissões, alimentos, animais ou locais. Veronesi, quer dizer que a família é de Verona; Milanesi, Milano; Lombardi, Lombardia; Reggiani, Reggio Emilia; e Bujat de Buja. A “italianização” do nosso sobrenome, é Buiatti; e o “aportuguesamento” é Buiate.
O site https://www.heraldrysinstitute.com/, relata que a origem do nosso sobrenome vem das antigas famílias de senhores feudais de Buja do século XII. Enrico de Buja e seus irmãos Rodolfo e Federico estabeleceram uma descendência em Veneza, Udine e Buja. Os irmãos eram filhos de Ermanno de Baden, que era o Duque da Carinzia e dono das terras de Buja. O Duque participou da Segunda Cruzada de 1147 a 1149 na defesa do Santo Sepúlcro, e morreu em 1180. Após a morte do Duque Ermanno de Baden, seus filhos adotaram o sobrenome de sua terra natal: Enrico de Buja, Rodolfo de Buja e Federido de Buja. Provavelmente nossos ascendentes longíquos trabalharam para alguns desses senhores, e adotaram seus sobrenomes.
Brasão da Cidade de Aiello del Friuli Bandeira da Região de Friuli Venezia Giulia
Por patriarca podemos definir como chefe de família; aquele que, por ser o mais velho de uma grande família, merece respeito, obediência ou veneração. Aquele que liderou nossa família na emigração transoceânica de Aiello del Friuli até o Brasil foi Valentino Bujat, por isso o consideramos como nosso patriarca.
Valentino Bujat nasceu no dia 17 de fevereiro de 1849 no comune de Aiello del Friuli. Filho de Francesco Bujat e Rosa Nato Fabris, foi batizado na Parrocchia Santo Ulderico por serem católicos. Na região em que ele nasceu, San Valentino (São Valentim) era um santo muito popular entre os habitantes, tanto que na província de Udine há uma localidade batizada de San Valentino, que fica 13 Km a sudeste de Aiello del Friuli às margens do Rio Isonzo. San Valentino é o santo dos namorados e seu dia é 14 de fevereiro, sua Festa é comemorada desde o ano 496 d.C. Provavelmente os pais do nosso patriarca o batizaram como Valentino, por ter nascido próximo a data da Festa do santo de mesmo nome.
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Valentino foi criado naquela região de planície do Friuli de clima temperado e invernos rigorosos, mas que possuía boas terras para agricultura e criação animais. Quando nasceu em 1849, a área era possessão dos Austríacos desde 1815, e acabava de passar pela Primeira Gerra de Independência, entre o Reino da Sardegna e os Austríacos. Com a guerra, o Friuli foi assolado por uma epidemia de cólera de 1848 a 1849. Os austríacos ganharam a guerra, e o Friuli continuou austríaco. Durante sua infância, Valentino ainda passaria por mais duas epidemias de cólera em 1854 e 1855, além da Segunda Guerra de Independência em 1859 travada pelos mesmos autores da Primeira. Desta vez os Sardos venceram e unificaram a Itália, deixando para os austríacos as terras orientais do Friuli, onde situava Aiello. Ao fim dessas guerras de independência, os agricultores sofreram ainda mais com a divisão política entre os liberais progressistas e os conservadores que detinham as grandes propriedades rurais e exploravam os pequenos produtores.
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Enquanto o território tentava se recuperar das guerras e epidemias de cólera, Valentino casou com Maria Tuliani. Nossas pesquisas não puderam ceder maiores informações sobre a família de Maria Tuliani e nem sobre a data precisa do casamento. Com Maria teve dois filhos: Rosa Bujat nascida em 1877 e Francesco Bujat de 7 de agosto de 1881. A situação econômica do Friuli era precária, os habitantes passavam fome e se privavam dos bens mais fundamentais para sobreviver. Neste ínterim, o nosso patriarca fica viúvo com dois filhos pequenos, aumentando mais a míngua e pobreza. Consideramos que Maria Tuliani morreu, pois a Igreja Católica permitia um segundo casamento apenas em caso de viuvez.
Após alguns anos em 7 de fevereiro de 1885, Valentino se casa com Maria Maddalena Gherbezza com quem teve 7 filhos: Antonio Bujat, Giovanni Bujat e Valentino Bujat nascidos em Aiello del Friuli e batizados na Parrocchia Santo Ulderico; Mariana Buiatti, Josefina Buiatti, Maria Assunta Buiatti e Pedro Buiatti nascidos no Brasil.De acordo a esta tradição, o primeiro filho homem era batizado com o nome do avô paterno enquanto ao segundo filho homem era dado o nome de seu avô materno. A mesma regra valia para as mulheres, sendo que a primeira filha mulher era batizada com o nome da avó paterna e a segunda filha com o nome da avó materna.
Esta regra só era quebrada em alguns casos muito específicos, a saber:
- Um avô morto superava em importância o vivo. Assim, caso o avô materno estivesse morto, a homenagem era feita a ele e não ao avô paterno;
- Se a criança nascesse no dia festivo de algum santo importante em sua província, recebia o nome do mesmo;
- Se as preces de um casal fossem atendidas, o próximo filho recebia o nome do santo que atendeu a prece;
- No caso da morte de um filho, o próximo a nascer recebia o nome do irmão falecido.
Os pais de Valentino, Francesco e Rosa; e os pais de Maria Maddalena, Giovanni e Mariana; foram homenageados conforme essa tradição.
Valentino e família saíram de Aiello del Friuli em 1891, que ainda estava em posse dos austríacos. A Itália só recuperou aquela região oriental do Friuli em 1918. Foram 103 anos de dominação dos austríacos. No passaporte podemos ver escrito em alemão primeiro, além dos quatro selos no canto inferior esquerdo de um florin cada um (Ein Gulden).
A trajetória de Valentino com a Família no Brasil até a chegada a região de Sobradinho em Uberlândia já foi citada no capítulo “Enfim a chegada ao Brasil.” Naquelas terras no início do século XX trabalhou com lavoura de café e criou nove filhos da maneira que pôde. No início da década de 10, aproximadamente 1913, perdeu o filho Giovanni com 25 anos de idade, ficou viúvo pela segunda vez em 01 de setembro de 1914, perdeu o filho Francesco na epidemia de gripe espanhola que assolou o Brasil em 1918; e posteriormente sua filha Rosa em 21 de junho de 1922 vítima da enfermidade “fogo selvagem.” Após passar por todas essas perdas familiares tão próximas, faleceu aos 74 anos de idade devido a doença cardíaca, na data de 25 de junho de 1923. O Dr. Mario Guimarães Faria atestou o óbito e nosso patriarca foi sepultado no Cemitério Municipal de Uberabinha, onde hoje é Vila Militar no Bairro Tabajaras. Esse cemitério foi desativado por supelotação na década de 50, passando a ser um campo de futebol, e na década de 60 deu lugar a Vila Militar.
Valentino e Maria Maddalena deixaram um legado para nós, chamado resiliência. Habilidade em responder, de forma intuitiva, à extrema adversidade ou estresse agudo observado ao longo da vida. Desde a vida no Friuli, passando pela travessia do oceano Atlântico ao assentamento no Brasil, a vida de nossos avós foi preenchida por desafios e provas impensáveis. Mas sobreviveram devido ao instinto primitivo de autopreservação e proteção ao bem mais precioso que um friulano possui. A família.
Certidão de óbito de nosso patriarca Valentino Bujat (Buiatti)
Atestado óbito de Valentino Bujat Certidão de Nascimento de Valentino Bujat
Como é bom conhecer essa história! Fico impressionada com a coragem dos nossos bisavós!
Sim. Também tenho muito orgulho deles. Que bom que gostou do site.
Parabéns Flavio por este seu trabalho devemos continuar e deixar toda a nossa história em forma de Registro pros nossos descendentes