A emigração italiana em massa no fim do século XIX foi um dos maiores êxodos da humanidade já conhecidos. O termo diáspora indica deslocamento, normalmente forçado ou incentivado, de grandes massas populacionais originárias de uma zona determinada para várias áreas de acolhimento distintas. A diáspora italiana foi uma das maiores do planeta, e possui levantamento que indicam 29 milhões de emigrantes de 1876 a 1988. A inglesa possui dados de 37,6 milhões de emigrantes que se deslocaram para os Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Canadá.
Para entendermos melhor esse caso de um povo, remontamos a idade Média. Período caracterizado pelo feudo como base econômica, estrutura política baseada no sistema de vassalagem e suserania, certo estatismo social, onde havia pouca mobilidade e uma forte hierarquia entre classes e o domínio da Igreja no cenário religioso. Além disso, as guerras medievais e a peste negra dizimaram boa parte da população da época. Em algumas regiões da Itália já mostravam migrações constantes dentro do próprio território, que atualmente se encontra a Itália, e emigrações para outros reinos próximos da Itália. Vale salientar que na Idade Média, a Itália não era unificada, e sim, dividida em vários Reinos.
Os principais emigrantes eram temporários e moradores nas regiões mais altas da Itália, chamados de “montanari”, ou em português, montanheses. Necessitavam emigrar devido ao inverno rigoroso da região, falta de terreno para cultivar alimentos, necessidade de transumância (mudança de região para alimentar o rebanho), e então se mudavam para as planícies próximas.
Na idade moderna, a Itália perde força econômica, que se concentra nos países do norte da europa, e esta característica influencia a emigração da população. O autor Giovanni Pizzorusso, no livro Storia Dell’emigrazione italiana, divide a Itália em 4 regiões compatíveis sócio-econômicas no período pré-unificação:
- Itália Setentrional – Famílias de agricultores dos alpes e pré-alpes, pedreiros e estivadores. Nesta época os fluxos não eram influenciados pela fome ou miséria, e sim ditados pelo ritmo agrícola. A região não possuía superpopulação nesta época.
- Itália Central (Norte da Toscana, Marche e Umbria) – Foi caracterizada pelo sistema de parceria com meeiros. Famílias de eslavos da Croácia, Bósnia e Eslovênia se moviam para esta região a fim de trabalharem na mineiração e agricultura.
- Itália Meridional (Região de Lazio e sul da Toscana até o extremo sul) – Região latifundiária e presença de mão de obra assalariada. Os movimentos eram de curto raio. Quando ocorria a emigração, havia uma ruptura com o seu lugar de origem devido a alta mortalidade masculina.
- As Ilhas (Corsega) – Compreendia emigrantes militares, camponeses para colonizar a “La maremma¹”, vendedores de vinhos que foram para Roma.
1 – “La Maremma” – A região de Maremma é uma área geográfica da Itália fronteira que abrange da Ligúria até ao Mar Tirreno. Ela compreende parte do sudoeste da Toscana – Maremma Livornese e Maremma Grossetana (na região de Grosseto) – e parte do norte de Lazio (em Viterbo e Roma na fronteira da região).
Os historiados italianos Antonio Golini e Flavia Amato de maneira didática, divide a grande emigração italiana em quatro fases distintas de períodos temporais.
1ª Fase (1876-1900): Esta fase representou um período de grande êxodo. A data de 1876 foi escolhida, pois foi quando houveram os primeiros registros documentados das prefeituras (Comuni) italianos. Precedida pela 1ª grande depressão econômica mundial de 1873 a 1879, que provocou a queda dos preços dos alimentos, associada a política protecionista do governo. Os agricultores foram agredidos de forma conspícua, levando-os a tentar sobreviver fora da Itália. Em 1888, o primeiro ministro italiano Francesco Crispi sancionou a norma sobre a liberdade do cidadão para poder emigrar. O binômio crise econômica e política liberal sustenta a emigração neste período. O norte da Itália ocorre a emigração transoceânica em massa, e o sul da Itália a emigração ocorreu para os países da Europa, em especial a França. Dos emigrantes, 2/3 eram do norte (Veneto, Friuli e Piemonte).
2ª Fase (1901-1914): Foi a Era Giolittiana², caracterizada pela industrialização, com 600.000 emigrantes ao ano e 9 milhões no total. O pico ocorreu em 1913 com 878.000 expatriados. A emigração transoceânica ainda é a preferida nesta fase, e 45% destes foram para os Estados Unidos da América. O norte deixa de ser a principal região de expatriados. Nesta fase o “Mezzogiorno”³ envia 70% dos emigrantes principalmente da Sicilia, Calabria e Campania.
2 – Era Giolittiana – Período que leva o sobrenome do primeiro ministro Giovanni Giolitti, na ocasião foi um dos políticos liberais mais eficientes em promover a ampliação da base democrática da Itália recentemente unificada e a modernização econômica (sobretudo da indústria) e político-cultural da sociedade italiana, entre o fim do século XIX e as primeiras décadas do século XX.
3 – “Mezzogiorno” – São as regiões do sul da Itália, de Lazio até a Sicilia, Puglia e Calabria.
3ª Fase (1915-1945): Este é o período entre guerras, que possui queda substancial da emigração devido a inibição do Fascismo liderado por Benito Mussolini, e pelo “Quota Act” de 1921 a 1924 nos Estado Unidos da América, que estabeleceu uma cota de emigração para países não gratos. A Itália devido a sua política na época era considerada pelos americanos, um país “não grato”. Nesta fase, a França passa a ser destino de preferência. Na emigração transoceânica, a Argentina é o destino de preferência.
4ª Fase (1945-1970): Período pós 2ª guerra mundial. O impulso migratório sofre exaustão, pois a Itália tem um crescimento industrial e econômico exuberante, passando por um aumento do PIB de 165 para 522 milhões de dólares de 1950 a 1970. É neste período que há o movimento dos habitantes do campo para os grandes centros urbanos. A emigração para fora da Europa cai vertiginosamente.
No período de 1876 a 1913 os principais locais de partidas dos italianos foram:
1º Veneto – 1.822.000 emigrantes
2º Piemonte – 1.540.000 emigrantes
3º Campania – 1.475.000 emigrantes
4º Friuli – 1.407.000 emigrantes
5º Sicilia – 1.352.000 emigrantes
Em 1996 o continente que mais possuía oriundos italianos, era a América do Sul com 39.822.000 pessoas, seguido pela América do Norte com 16.116.819 de pessoas.
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O Brasil é o país que mais possui oriundos italianos, mas a Argentina é o país que possui o maior percentual da população de oriundos.
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BIBLIOGRAFIA:
- Bevilacqua, Piero; De Clemente, Andreina; Franzina, Emilio – STORIA DELL’EMIGRAZIONE ITALIANA I. PARTENZE, Donzelli editore, Roma, 2009.
Quando Antônio Buiati ficou viuvo casou com Rita Gomes Buiatti. Ela era viuva com três filhos: Maria que é minha mãe, josé o caçula e Jõao. Sou filha da Maria. Antônio é o avô que conheci do lado materno, lembro dele com muito carinho.
Boa tarde Maria Helena. Obrigado pela informação. Se puder me mandar os nomes completos de sua mãe e tio para eu completar na árvore, vai ser muito proveitoso.
Abraços Flavio
Obrigado pelas informações Maria Helena. Nos ajuda a completar mais as histórias de nossos antepassados.
Olá Flavio Malagoli
Também sinto honrado ao fazer parte desta Família
Eu – Ademar Esteves de Barros Filho de: Joaquim Esteves de Barros que é Filho de: José Estevam de Barros e Mariana Buiatti que faleceu em 17/04/1948 (Deixando 13 – filhos)
Buonasera!
Somos de Minas Gerais, Barbacena. Descendentes dos Pujatti que vieram de Puja (prata di pordenone, Friulli Venezia Giulia).
Nosso sobrenome é muito similar e eu tenho uma árvore genealógica dos Pujatti onde há um ramo dos Valentim. Será que temos alguma relação?
Olá Isabel. Talvez tenham alguma relação muito antiga, a província de Pordenone é muito perto de Aielo e Buia.